Sempre que eu posso, eu viajo: ou pego o avião ou carro e saio por aí, ou simplesmente pego um livro e me deixo levar pela história de alguém. Já visitei lugares por causa de livros e já li livros por causa de lugares.
Em 2007 estive no Chile. Quem me levou até este país foi Isabel Allende, uma de minhas escritoras favoritas. Por causa de suas histórias, quis conhecer de perto seu povo. Fiquei encantada com o que vi, com o que comi. E a cada esquina esperava encontrar seus personagens, tão ricos e maravilhosos. E com esta viagem ao Chile acabei descobrindo, e me apaixonando, por outra escritora chilena: Marcela Serrano e suas mulheres incríveis. Em comum, as duas tem a maneira apaixonada de escrever, personagens cheios de vida e a história política e econômica de seu país.
Em 2009 visitei um dos países mais enigmáticos que já conheci: Cuba. Foi uma experiência que até hoje mexe comigo. Por causa desta viagem descobri o jornalista Pedro Juan Gutierrèz que nos conta fria e cruamente a história de Cuba na década de 90, sua decadência e o esforço que seus habitantes fazem para sobreviver e resistir. Fiquei conhecendo ainda Hemingway que tem sua vida intimamente ligada a ilha de Fidel e que, com sua forma deprimida de escrever, nos mostra um outro aspecto e momento de Havana. E ao chegar na cidade, é inevitável procurar percorrer os passos de Ernest Hemingway. E antes mesmo de chegar em Cuba, passei por lá tendo como guia Graham Greene.
2008 foi a vez do México. Para mim, um dos países mais ricos culturalmente que já tive a oportunidade de conhecer. Vários séculos de passado e presente convivem de forma harmoniosa. Quem primeiro me levou até lá foi Juan Rulfo e sua literatura surreal, intensa, sobrenatural até. Depois passei pelas mãos de Ángeles Mastretta e seu passeio pelo coronelismo mexicano sem perder a doçura na narrativa. E por fim, conheci a famosa Laura Esquivel e sua culinária mágica.
Para visitar o Uruguai, mergulhei nas histórias de Eduardo Galeano sobre as ditaduras sul americanas. E também no mundo do futebol de "Como o Futebol Explica o Mundo", de Franklin Foer. E fiz uma viagem linda pelAs Brumas de Avalon e por causa de Fada Morgana e do Rei Arthur, fui parar em Glastonbury, na Inglaterra. E foi emocionante pisar em Bath, onde Jane Austen, outra autora muito querida, passava férias. Em Londres, quis conhecer o mundo criado por Arthur Conan Doyle e Ágatha Christie e caminhava procurando por Oliver Twist. E tentava sentir a atmosfera de "O Morro dos Ventos Uivantes" na Inglaterra rural.
Qualquer forma de viajar, vale a pena. Ao ler um livro, a gente se envolve com os personagens, com suas histórias, com suas emoções. Vivemos junto com eles, aprendemos. E depois, ou antes, visitar ao vivo os lugares que tais personagens passaram, imaginar que eles viveram por ali, choraram, riram, caminharam é muito intenso. Ver as cores, sentir os cheiros, dá outra dimensão tanto para os livros quanto para os locais visitados de verdade.