Gosto de ler livros sobre corridas. Acho que são inspiradores. Quando comecei a ler Era uma vez um corredor, imaginei alguma coisa do tipo: Do que eu falo quando eu falo de corrida do Haruki Murakami. Percebi logo no início que as narrativas eram bem distintas.
Logo conhecemos Quenton Cassidy, um corredor universitário, que treina forte para corridas de média distância. Conhecemos um pouco de seus treinos, de seu dia a dia e alguns de seus pensamentos. Só que a narrativa é cansativa e monótona. Parecia que ficávamos dando voltas em detalhes que faziam com que não saíssemos do lugar. Foi difícil avançar. Pelo menos até mais ou menos a metade do livro.
Nesta fase, nosso corredor Cass, tem um problema na universidade e se isola em uma cabana no meio da nada, sozinho e começa a treinar duro. Sua vida passa a ser suor, dores, comida, leitura e solidão. E então a história começa a fazer sentido e narrativa se torna surpreendentemente interessante.
A partir deste momento a sensação é de que estamos correndo e sofrendo junto com Cass. Sangramos com ele. E finalmente a história chega ao ápice no momento da prova. No tão esperado dia, o dia para o qual ele treinou forte, incansavelmente, nós vamos junto, como se estivéssemos dentro dele. Os detalhes, todos os detalhes, são preciosos e nos levam para aquela pista e para o breve momento que ele, Cass, leva para percorrer-la. Parece uma eternidade, uma eternidade cheia de sofrimento. Suamos junto.
E por causa deste capítulo, eu me arrisco a dizer que Era uma vez um corredor, é um livro maravilhoso.
John L. Parker Jr. |